O exército dos 26 sábios adolescentes
Matemática

O exército dos 26 sábios adolescentes



Ciência e tecnologia de ponta são atividades humanas extraordinárias, que exigem a ação de pessoas extraordinárias. O Brasil é o maior produtor de soja do mundo graças a pesquisas realizadas em nosso próprio país. Mas ainda dependemos do desenvolvimento científico e tecnológico de nações estrangeiras, para o crescimento econômico e social do Brasil em inúmeros outros segmentos. Se uma única mulher conseguiu trazer tanta riqueza e tantos empregos ao longo de décadas para o nosso país, graças ao seu trabalho científico, imagine o que um exército de 26 jovens de extraordinário talento pode fazer pelo nosso futuro! 

Por isso publico esta postagem. As melhores universidades e institutos de pesquisa do mundo não existem apenas para alavancar elas próprias ou os países que as abrigam. Elas existem para ajudar a construir um mundo melhor. Justamente por conta disso que os grandes centros de desenvolvimento científico e tecnológico abrem as suas portas para tantos estrangeiros. O que resta saber é se países em desenvolvimento como o nosso têm interesse real no próprio crescimento econômico e social.

Sou professor universitário de uma instituição pública de ensino, com 50 anos de idade e 32 de universidade, da graduação à posição de docente. Mas isso não me impede de perceber jovens talentos com capacidade muito superior à minha, não apenas para fazer ciência e tecnologia de alto nível mas também para transformar de maneira construtiva a realidade brasileira. 

Por conta disso apelo aqui à visão de futuro de cada leitor deste texto. A Fundação Estudar selecionou 26 jovens para fazerem a diferença em nosso país. São 26 sementes prontas para germinar. E este exército de 26 precisa da visão e da colaboração de todos.

Estes 26 alunos foram aprovados para estudar em 18 das melhores universidades do mundo, incluindo Harvard, MIT, Stanford, Yale e Princeton. Veja, por exemplo, esta reportagem para detalhes. Além de terem sido aprovados, conquistaram bolsas parciais para estudar nestes centros que são referências de excelência em todo o planeta. No entanto, o acesso a educação científica e tecnológica de ponta exige dinheiro. E as bolsas parciais não cobrem despesas muito pesadas para os padrões financeiros das famílias desses 26 jovens. Por isso uma solução encontrada foi a criação da campanha de crowdfunding Aprenda lá, dá cá. O objetivo da campanha é arrecadar R$ 350.000,00 até o dia 25 de julho deste ano. Até o momento do fechamento desta postagem foram arrecadados apenas R$ 47.745,00. 

Fiquei sabendo a respeito desta campanha porque recebi e-mail de Marcos Elias Schwartz, jovem de 17 anos que faz parte deste grupo de talentos identificados pela Fundação Estudar. O e-mail dele foi motivado pelas atividades usualmente promovidas neste blog. 

Eu, por exemplo, investirei nesses jovens. Invisto não apenas com a publicação desta postagem, mas também com a promoção da mesma no Facebook e com doação para a campanha, a qual acabo de fazer. Se a promoção paga que acabo de fazer no Facebook for bem sucedida, injetarei mais dinheiro nela.

É importante observar que este blog não tem fins lucrativos. O acesso é gratuito e não se faz anúncios por aqui. Pelo contrário, há anos venho investindo tempo e dinheiro com divulgação científica e cultural, bem como críticas ao ensino de nosso país, em todos os níveis. Faço isso porque tenho fé no Brasil, apesar do gigantesco esforço que este país faz para que não se acredite nele. 

Acredito não apenas na capacidade destes 26 jovens, mas também na genuína vontade deles de retornarem ao Brasil. 

Se algum leitor deste blog tiver alguma dúvida sobre a possibilidade desses jovens retornarem, peço que leve em conta três fatos. Em primeiro lugar, eles assumem textualmente que "acumulando conhecimentos e experiências únicos em nossa bagagem, poderemos aplicá-los à realidade brasileira". Em segundo lugar, as universidades brasileiras não estão cumprindo satisfatoriamente com o papel de desenvolvimento social. E, pior, professores universitários chegam a tentar impedir que pessoas aproveitem a juventude para um trabalho honesto e altamente relevante. Ou seja, tenho esperança de que quem lê esta postagem seja mais inteligente do que muitos professores universitários de nossa nação. 

Se você, leitor ou leitora, não puder colaborar financeiramente com a campanha Aprenda lá, dá cá, que pelo menos divulgue esta postagem ou a campanha em si. Mas, se optar pela divulgação da campanha, acrescente uma frase que expresse o que você realmente pensa a respeito desta iniciativa. 

Ciência e cultura sempre dependeram de mecenato. Este é um fato histórico, no Brasil e no mundo. E qualquer pessoa pode fazer parte de um grupo que, como um todo, cumpre o papel de um mecenas.

Tanto você quanto eu acompanharemos o trabalho desses 26 adolescentes ao longo dos próximos anos. Um dia eles serão adultos, adultos profissionais. E certamente estaremos lá para comprovar que o investimento de hoje valeu a pena. 

Que não plantemos apenas soja, mas também prosperidade e, quem sabe, felicidade.




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