O que a União Internacional de Matemática não disse sobre Artur Avila
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O que a União Internacional de Matemática não disse sobre Artur Avila



No último domingo, dia 10, divulguei em primeira mão, na página Facebook deste blog, a notícia de que Artur Avila ganharia a Medalha Fields. É o primeiro brasileiro a receber o mais importante prêmio de matemática, concedido a cada quatro anos pela União Internacional de Matemática (IMU, na sigla em inglês). Dois dias depois a notícia ganhou destaque na mídia brasileira e estrangeira. 

Este ano de 2014 tem sido ímpar para o Brasil. Criou-se um rebuliço imenso em torno de uma Copa do Mundo que abriu com um gol contra da seleção de nosso país. E, como se fosse antecipação de cena em uma produção cinematográfica sensacionalista, este gol contra anunciou uma vergonhosa partida de futebol na qual a seleção brasileira, jogando em casa, perdeu por sete a um da seleção alemã.

Se o Brasil tivesse conquistado a Copa do Mundo de 2014, certamente haveria muita euforia. Não seria uma contribuição importante de nosso país para o mundo, mas ainda seria algo a ser comemorado. Porém, o Brasil perdeu e perdeu feio.

Mas finalmente o Brasil conquistou uma posição muito mais importante do que qualquer evento esportivo. Pela primeira vez nosso país está na lista dos contemplados pela Medalha Fields, o Nobel da Matemática. Por que esta conquista é mais importante do que um campeonato esportivo? Simplesmente porque matemática é ciência! A obra de Avila é perene, enquanto as civilizações humanas persistirem. É o Brasil deixando sua marca perante o mundo, dizendo: nós também contribuímos para o desenvolvimento das civilizações. E isso é motivo de real orgulho. O Brasil se tornou um pouco mais visível no cenário científico mundial.

Mas por que Avila conquistou a Medalha Fields? Segundo a IMU, Avila resolveu problemas importantes e abriu campos de estudos na teoria de sistemas dinâmicos. Uma descrição mais detalhada sobre sua obra pode ser encontrada aqui. No entanto, os artigos científicos de Avila são apenas o fruto de seu árduo trabalho e de seu inquestionável brilhantismo. E a Medalha Fields é uma humilde demonstração do reconhecimento desses frutos. Mas ainda resta uma justificativa para esta fenomenal conquista que precisa ser esclarecida.

Artur Avila é egresso do IMPA (Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada), uma instituição que não promove greves, não se submete a programas de cotas sociais e raciais, não depende da ação de órgãos sindicais e nem admite estudantes através de exames nacionais como o ENEM. Apesar de certas idiossincrasias inevitáveis em qualquer ambiente profissional, o IMPA é um centro de excelência reconhecido internacionalmente. E a conquista de Avila não é devida somente a ele, mas ao trabalho duro e sério de pesquisadores do IMPA. Esses pesquisadores não apenas criam matemática de ponta no Brasil, como também desenvolvem programas de ensino e extensão que beneficiam inúmeros jovens de nosso país (incluindo Avila). Em suma, o IMPA simplesmente funciona!

Quando comparei as universidades federais brasileiras com instituições norte-americanas de ensino superior em artigo publicado em Scientific American Brasil, fui recebido por alguns com certo ceticismo. Pois bem. Que tal compararmos nossas universidades federais com o exemplo do IMPA? 

Como já disse uma pessoa que admiro muito, a melhor das sementes não consegue germinar em terreno de sal. O Brasil não é, ainda, um terreno de sal. Mas deixar o desenvolvimento científico de nossa nação somente nas mãos de uns poucos (como os pesquisadores do IMPA) não é uma estratégia inteligente de apoio aos milhares (ou milhões) de jovens talentosos que existem em nosso país. Precisamos de mais instituições focadas seriamente na atividade científica. Esta foi a mensagem deixada por outro jovem talentoso que, em passado não muito remoto, foi indicado ao Prêmio Nobel de Física e decidiu ficar em terras brasileiras para alavancar a projeção científica desta grande nação. Espero que o leitor saiba de quem estou falando.




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