Antagonizando BP Fallon
Matemática

Antagonizando BP Fallon



O jornalista Ignácio de Loyola Brandão, ex-bolsista Fulbright e ganhador do Prêmio Jabuti de literatura, foi um dos membros da comissão julgadora que elegeu Vilma Ana Damborowiski como a melhor professora de matemática do Brasil em 2001. Durante a cerimônia ele fez questão de cumprimentar a Professora Vilma, pela excepcional qualidade de seu trabalho.

Hoje esta docente trabalha em uma ilha, na costa paranaense. Parece simbolismo de produção cinematográfica de Hollywood, mas é a dolorosa realidade. Ela trabalha em uma ilha simplesmente porque no continente seu trabalho não é bem-vindo nem mesmo em instituições privadas (as quais deveriam operar por meritocracia, mas simplesmente não o fazem).

Nas últimas 24 horas recebi dezenas de mensagens e e-mails, em reação à postagem sobre a Professora Vilma. Uma leitora deste blog escreveu nada menos do que oito comentários neste fórum. Mas, infelizmente, não posso publicá-los, a pedido dela mesma. Essa leitora, também professora, percebeu que pode sofrer represálias pessoais e profissionais e solicitou que eu não veiculasse seus comentários. Obviamente respeitei o desejo dela, mas ainda assim posso expor um pouco do que ela informou:

1) Com o argumento de que crianças e adolescentes não podem ficar fora da escola, autoridades exigem que os professores tolerem faltas não justificadas, indisciplina e violência.

2) Os pais querem seus filhos na escola não para fins de estudos, mas para não terem problemas em casa.

3) As condições de trabalho de professores estaduais são insalubres e estão destruindo a saúde de inúmeros profissionais.

4) A situação do ensino público no Rio de Janeiro e em Santa Catarina é idêntica àquela relatada pela Professora Vilma no estado do Paraná.

Muito mais informações foram dadas, mas não vou divulgá-las, para evitar a identificação desta profissional.

Quando publiquei o depoimento da Professora Vilma, confesso que fiquei realmente perturbado. Isso porque lembrei de outras postagens recentemente veiculadas neste blog. E cheguei à seguinte conclusão:

Ao inferno com os professores que acumulam cargos nas mesmas universidades federais, apenas para receberem salários equivalentes à dedicação exclusiva sem se submeterem às exigências deste tipo de contrato!

Ao inferno com aqueles que tentam desesperadamente se agarrar a leituras ridículas da Constituição Federal para justificar seus indecentes acúmulos de cargos!

Ao inferno com os amorais e medíocres que compram trabalhos acadêmicos!

Ao inferno com os oportunistas miseráveis que vendem trabalhos acadêmicos!

Ao inferno com aqueles que apoiam o REUNI!

Ao inferno com aqueles que apoiam o ENEM!

Ao inferno com aqueles que querem se acomodar com a estabilidade no serviço público!

Ao inferno com aqueles que apoiam os programas de cotas raciais e sociais!

Ao inferno com os incompetentes que inundam as cabeças de nossos jovens com conceitos mentirosos sobre matemática e ciência!

Ao inferno com os lobistas que vestem peles de educadores!

Ao inferno com o silêncio daqueles que deveriam criticar duramente a  educação!

Ao inferno com os professores que não querem aprender a avaliar seus alunos!

Ao inferno com aqueles que defendem o desrespeito à propriedade intelectual!

Ao inferno com aqueles que praticam a pirataria, julgando que não fazem mal algum!

Ao inferno com os pais que não cultivam a educação, a ciência e a cultura em seus filhos!

Ao inferno com o descaso aos superdotados!

Ao inferno com o descaso aos pesquisadores de talento!

Ao inferno com aqueles que não cultivam o patriotismo em seus corações!

Ao inferno com os incivilizados!

Mas, principalmente, ao inferno com os indiferentes! Esses deveriam ser simplesmente largados em uma ilha, longe das sociedades que lutam pelo progresso.

Para aqueles que acreditam na salvação (real e não por suposta intervenção divina), espero que façam algo realmente concreto a respeito. Este país não pode continuar como está.




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