Homonímia Homófonos e homógrafos
Matemática

Homonímia Homófonos e homógrafos


Professor de Matemática e Biologia Antônio Carlos Carneiro Barroso
Colégio Estadual Dinah Gonçalves
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Um dos componentes dos estudos linguísticos é o estudo semântico. Nele estuda-se a relação entre as construções da língua e seus significados, sua relação com o mundo extralinguístico.

Nos estudos semânticos encontra-se o estudo da homonímia. De acordo com o Dicionário de Linguística, de Jean Dubois e outros, de 1978, página 326: "homonímia é a identidade fônica (homofonia) ou a identidade gráfica (homografia) de dois morfemas que não têm o mesmo sentido, de um modo geral".

Ou seja, homônimos são palavras que apresentam formas iguais e significações diferentes.

Exemplos de homônimos homófonos (isto é, palavras que têm a mesma pronúncia mas escrita diferente):


sentido sentido sentido
cessão
ato de ceder
sessão reunião
secção
repartição
conserto reparo concerto acordo concerto espetáculo musical
bucho estômago de animais buxo arbusto

chá infusão de ervas medicinais soberano da Pérsia

chácara propriedade campestre xácara narrativa popular em verso


Exemplos de homônimos homógrafos (ou seja, palavras que têm a mesma escrita e a mesma pronúncia):


sentido sentido
boa bondosa
boa
espécie de cobra – jiboia
gravar esculpir gravar onerar
(Ex.: Os aumentos de impostos são medidas que gravam os menos favorecidos.)
ralo ralador (objeto) ralo pouco espesso
real verdadeiro real relativo ao rei
mente intelecto mente 3ª pessoa do verbo mentir










  • Neste caso, é preciso ficar atento às exceções, ou seja, palavras em que há a abertura da vogal tônica. Exemplos:
    a) este (demonstrativo) - "Este é meu amigo" - e este (substantivo) - "O sol nasce no oriente, na direção este";
    b) almoço (verbo) - "Eu almoço todos os dias" - e almoço (substantivo) - "O almoço estava uma delícia!".

    Homonímia e convergência fônica

    Formas convergentes ou homeotrópicas (homós = o mesmo e tropos = mudança), daí resultando homeótropos (formas homeotrópicas), são aquelas que têm a mesma forma, mas que se originaram de palavras diversas, da mesma língua ou de línguas diferentes.

    Foi o que ocorreu, por exemplo, com as palavras latinas: sanctu, sanu e sunt, que, por motivo de convergência fonética, tornaram-se, em português, "são":

    são de sanctu - São Jorge ( apócope de Santo )
    de sanu - " Mente sã, corpo são ." ( sadio )
    de sunt - As rosas são belas. (3ª pessoa do plural do verbo ser )

    Para Francisco Borba (em Introdução aos estudos linguísticos, Editora Pontes, 1998, página 236), "a homonímia está mais ligada à formação do léxico porque comumente resulta de convergência fônica, isto é, são alterações fônicas das palavras que levam à identidade de significante".

    Homonímia e etimologia

    A etimologia também explica o fenômeno da homonímia nos casos de palavras iguais, contudo de origens diferentes, que não constituem formas convergentes, como apresentado no item anterior.

    O exemplo clássico em português é a palavra manga, que se origina de dois étimos distintos, conforme se vê abaixo:

    port. manga - peça da vestimenta (do latim manica)
    port. manga - fruta (de origem malaia)

    Borba ainda diz que "também o intercâmbio cultural entre povos pode facilitar o encontro de formas semelhantes que, pela ação das leis fonéticas, podem chegar a igualar-se".

    Um exemplo é a palavra lama:

    O latim lama deu lama (= barro, tijuco) em português; do tibetano blama nos veio lama (sacerdote do lamaísmo); e, por último, há também lama ou lhama (animal típico dos Andes), palavra proveniente do quíchua (importante língua indígena da América do Sul, falada em maior número pelos peruanos).

    Polissemia e homonímia

    Muitos autores afirmam que o estudo da polissemia (pluralidade significativa) gera, quase sempre, o problema da distinção entre homonímia e polissemia.

    A polissemia diz respeito à possibilidade que tem o item léxico de variar de sentido, dependendo dos diferentes contextos em que ele venha ocorrer. Vejamos os seguintes exemplos retirados de Borba:

    tomar no sentido de:
    A enfermeira tomou a criança pela mão. segurar
    Os ingleses tomaram as Malvinas. conquistar
    tomo vinho francês. beber
    A casa do ministro toma todo um quarteirão. ocupar
    Agora Lucas toma ares de rico. assumir

    Todavia, ao contrário das palavras polissêmicas, as homonímias comumente provêm de classes diferentes, tendo, assim, distribuição também diferente.

    A palavra cobra pode figurar tanto como verbo quanto como nome, dependendo do contexto. Exs.: "Ela cobra a presença de todos na sala de reunião, agora!" ou "Cobra dessa espécie é peçonhenta".

    Tem-se aqui o caso de homônimos homógrafos. A polissemia, por sua vez, trata-se sempre de uma mesma palavra que está sujeita a vários empregos, conforme exemplificado no quadro acima.
  • Algumas palavras homógrafas depois do Novo Acordo Ortográfico:

    Depois do Novo Acordo Ortográfico, não são mais assinaladas com acento gráfico, seja o acento agudo, seja o circunflexo, as seguintes palavras homógrafas:

    pela(s)** (verbo e substantivo) pela(s) (per + la)
    pelo (verbo) pelo(s) (per + lo e substantivo)
    polo(s) (substantivo) polo(s) (por + lo (s) combinação antiga e popular)
    ** "Pela" (verbo) refere-se ao ato de pelar; "pela" (substantivo) designa um tipo de bola.

    Bibliografia

  • Dicionário de Linguística, de Jean Dubois e outros, São Paulo: Cultrix, 1978.
  • Escrevendo pela nova ortografia: como usar as regras do novo acordo ortográfico da língua portuguesa, Instituto Antônio Houaiss; coordenação e assistência de José Carlos Azeredo. São Paulo: Publifolha, 2009.
  • Estudo dirigido de gramática histórica e teoria da literatura, de Audemaro Taranto Goulart e Oscar Viera, São Paulo: Editora do Brasil, s/d.
  • Introdução aos estudos linguísticos, de Francisco da Silva Borba, Campinas: Pontes, 1998.
  • Língua Portuguesa: noções básicas para cursos superiores, de Mª. Margarida de Andrade e Antônio Henriques, São Paulo: Atlas Editora, 1991.
  • *Jorge Viana de Moraes é mestre em Letras pela Universidade de São Paulo. Atua como professor em cursos de graduação e pós-graduação na área de Letras.




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