Movimentos Abolicionistas e Alforrias
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Movimentos Abolicionistas e Alforrias


Os movimentos abolicionistas da sociedade civil visavam ao fim da escravidão.Não se pode demarcar uma data como a da fundação do abolicionismo.Isso porque durante os séculos em que a instituição escravista durou legalmente, ela sempre amealhou partidários e opositores.Entretanto, não há como negar que,enquanto força social organizada,composta por indivíduos das mais diferentes classes,origem profissional ou credo,o abolicionismo tem seu grande desenvolvimento e apogeu entre as décadas de 1860 e 1880.É justamente nesse período que se desenvolvem as maiores campanhas jornalísticas em prol da libertação dos escravos.Fundaram-se órgãos da imprensa explicitamente ligados à questão abolicionista e à criação de associações cujo fim era levantar fundos para a emancipação dos cativos. Alguns importantes intelectuais participaram ativamente da campanha abolicionista; criou-se um partido político que tinha o fim da escravidão como meta. Foram apresentados na Câmara inúmeros projetos que visavam à emancipação do elemento servil e alguns outros aspectos complementares ( como a formação de uma colônia à beira das estradas e dos rios para os libertos,etc.), chegando até ao ponto de o próprio Imperador, em 1867,na Fala do Trono, não se sabe se em discurso redigido por ele, mas certamente sob sua orientação,fazer menção aos esforços do governo e do Congresso para a resolução da questão servil. A Biblioteca Nacional, através do Projeto Slave Trade, tentou congregar o mais importante acervo documental sobre o assunto; são documentos que constituem os melhores subsídios para estudiosos do assunto. Os pesquisadores da Biblioteca Nacional desenvolveram a pesquisa, a coleta e a descrição de fontes das mais variadas origens e estudaram também relatos dos principais agentes dos movimentos emancipacionistas. Pôde-se reunir ao longo da pesquisa abundantes informações acerca do abolicionismo, da libertação obtida através de alforrias, da atuação das sociedades anti-escravista, da visão de viajantes e pintores e da participação de personagens de diferentes níveis sociais nas lutas abolicionistas. Sobre o movimento abolicionista, especificamente, toda documentação trabalhada pertence ao século XIX.Através das informações obtidas na pesquisa, tem-se a nítida impressão de como esses movimentos sociais formaram, informaram e mobilizaram a sociedade da época. Os exemplos são inúmeros. Cartas entre fazendeiros e proprietários de escravos preocupados, ora com os avanços do movimento e os prejuízos financeiros que poderia representar a abolição, ora com a demora de uma decisão do governo sobre o problema. Artistas do Império e do exterior detinham-se em gravar nas telas um retrato subjetivo do contexto e do clima, indiscutivelmente, influenciado pelos abolicionistas; editoriais de jornais dos mais diferentes locais do Império,dirigidos pelos mais diversos interesses,davam voz e fôlego a uma discussão muitas vezes ambígua e de difícil definição. Esses dados ilustram o clímax do percurso feito pelos debates sobre a escravidão iniciados após a Independência.Não se tratavam mais de questões ligadas ao desejo de emancipação política de uma nova nação, mas agora eram os cidadãos de um país que, lutando por um ideal libertário, estabeleciam os marcos definidores do caráter nacional.Os questionamentos sobre o maior ou menor lucro proporcionado pela economia escravista ou sobre as dúvidas quanto à legitimidade da escravidão perante a moral cristã, embora se julguem também muito importantes, naquele momento, tornavam-se secundários diante da preocupação mais abrangente que era a fundação da nacionalidade. Percebemos o quão importante foi o movimento abolicionista e o quanto ele chamou a atenção,quase que monopolizando o debate nacional, não apenas pela quantidade de documentos reunidos,mas sobretudo pela sua qualidade. O site que a Fundação Biblioteca Nacional ora põe à disposição dos pesquisadores e interessados na história do povo brasileiro reúne documentos de excepcional valor histórico. Além do ineditismo de alguns, ou seu aspecto pitoresco ou excêntrico, eles mostram como o movimento pela extinção da escravidão se generalizava nas diferentes regiões do vasto Império do Brasil. De todos os documentos pesquisados, talvez os que mais tenham dado voz ao movimento abolicionista tenham sido os jornais. Veículos de comunicação antigos em outros países, só se desenvolveram aqui no Brasil com a vinda da Família Real no século XIX. O jornal servia não só para informar como para formar,para trazer discussões e ampliá-las, criando assim uma rede de comunicação comunitária entre seus leitores. Era o jornal que debatia questões como a vinda de mão-de-obra estrangeira ou colonos para o trabalho agrícola, o racismo, a violência do Estado, reformas nas instituições jurídicas e políticas,tornando a força dos militantes emancipacionistas abrangente e amplificada. Como se tratava de uma nação que começava a ser construída de cima para baixo, era de se esperar que quem se ocuparia inicialmente com o tema abolicinista fossem os membros da elite política e cultural. Proeminentes nomes do governo em seus diferentes níveis, fazendeiros, editores, jornalistas, políticos, juristas e poetas tinham seus nomes e suas palavras impressas nas páginas dos jornais da época. Luís Gama, André Rebouças, Joaquim Nabuco, José do Patrocínio, só para citar os mais conhecidos, tiveram a oportunidade de escrever e dar força ao movimento em prol da abolição. José do Patrocínio, além de importante personagem desse movimento, e filho de mãe negra, foi diretor da Gazeta da Tarde, um dos veículos de divulgação da campanha abolicionista.




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