A obra de Isaac Newton (1642-1727) foi esmiuçada de cem mil maneiras pelos seus biógrafos. Tudo foi pesquisado, visto e revisto Aqui apresentamos aos leitores, como simples curiosidade, alguns comentários sobre uma frase que é atribuída ao imortal cientista, filósofo, geômetra, astrônomo, alquimista, teólogo e também matemático inglês. Vejamos em que consiste a pirâmide humana de Newton.
Sendo consultado por seu dileto amigo Edmund Halley (1656-1742), o astrônomo, sobre as notáveis descobertas por ele realizadas, respondeu Newton, revelando, como sempre, o traço marcante de sua incomensurável modéstia:
“Se eu consegui ver mais longe do que os outros foi porque subi sobre ombros de gigantes”
A forma mais corrente dessa frase, que ficou famosa na História da Matemática, é a seguinte:
“If I have seen farther than others it is because I have stood on the shoulders of gigants”.
Ao espírito do curioso repontam logo duas perguntas que são, aliás, bem naturais:
Quem teria servido de base para a maior glória do imortal criador do Cálculo diferencial? Quais foram os gigantes que permitiram a Newton “ver mais longe do que os outros”?
A estranha pirâmide humana que vemos na figura ao lado foi imaginada pelo matemático americano Professor Raymond W. Anderson e incluída em seu livro Romping Through Mathematics (pág. 134).
Vemos que o autor do incrível Binômio, de binóculo em punho, tem o pé direito sobre o ombro esquerdo de Descartes (1596-1650) e o pé esquerdo bem firme sobre o ombro direito de Neper (1550-1617).
O primeiro foi o criador da Geometria Analítica e o segundo teve a glória de inventar os logaritmos. Está, assim, Newton apoiado em dois gigantes da Análise Matemática.
Descartes e Neper, este com trajes escoceses, pisam tranquilos sobre os ombros de três geômetras orientais: al-Karismi (persa do século XII) que imaginou o sistema de numeração indo-arábico, Omar Khayyamm (persa, 1040-1112) que ampliou o campo algébrico e um matemático anônimo (árabe ou hindu) que teve a idéia genial de criar o zero. Anderson dá a esse matemático a denominação de Mr. Zero.
Os três orientais da pirâmide newtoniana estão amparados por dois gregos de fama: Pitágoras, o Filósofo do Número (século IV a.C.), Euclides, o criador da Axiomática (século III a.C.).
Abaixo dos gregos, com braço estendidos, está o geômetra egípcio (talvez um Ahmés, do Papiro de Rhind) que enunciou as primeiras proposições geométricas e calculou áreas e volumes. Na base da coluna, Anderson colocou o matemático caldeu que construiu as bases do cálculo aritmético e criou o sistema sexagesimal de numeração.
Falta alguém nesta pirâmide?
Sim, na opinião do Prof. Cristovam dos Santos, matemático mineiro, dois geômetras e um astrônomo deveriam ser incluídos entre os gigantes: Arquimedes de Siracusa, Tales de mileto e o Alemão Johannes Kepler.
E por que esquecer o matemático anônimo que inventou o ponto geométrico?
Todos reconhecem e proclamam a importância do conceito de ponto entre noções básicas da Geometria. E tanto assim, que Horácio Lamb, físico e matemático inglês, propôs que se erguesse um monumento ao inventor desconhecido do ponto geométrico. Essa glorificação seria justa, assegurava Lamb, porque o primeiro homem a idealizar o ponto lançou os fundamentos do prodigioso edifício da abstração matemática.
Referências:
[1] Malba Tahan - As Maravilhas da Matemática