Matemática
Pensando juntos
Semana passada perguntei a uma turma se eles gostavam de matemática. A maioria das crianças na sala me disse que não, quando perguntei o porquê, me responderam que não sabiam matemática, por isso não gostavam. Indaguei alto se eles realmente não sabiam e comecei a aula. Comecei com a dinâmica da contagem com pontinhos, e logo estávamos explodindo números inteiros na casa do milhar. Os olhinhos da criançada brilhavam e sempre que eu fazia uma pergunta, eles tinham uma resposta na ponta da língua. Testávamos as hipóteses que eles levantavam e íamos descobrindo o caminho das casas, transitando entre unidades, dezenas, centenas.... No meio da aula, surpresa como a receptividade da turma e com a rapidez que as crianças pegaram a dinâmica, exclamei: "Mas olha só, vocês me falaram que não sabiam matemática, e olha o que estão me mostrando, vocês sabem muita matemática."Uma aluna rapidamente replicou: "E que quando pensamos juntos, somos espertos.". Essa frase veio como um presente em cima de todo o desânimo acumulado da semana passada com as reflexões que realizei sobre a escola que é o terror.
Mostrar aos alunos que matemática não é algo automático, e que eles precisam refletir sobre a dinâmica da matéria, construindo o raciocínio em fundamentos muito básicos, porém consistentes e lógicos é o que a gente, como educador do círculo, dispõe como meio para mostrar para as crianças o caminho do exercício de autonomia delas. Junto com a percepção de que pensar juntos, todos são espertos, as crianças conquistam muito mais que não se assustar frente a uma soma grande. Elas percebem que elas conseguem fazer as coisas não porque alguém as disse como fazer, mas porque elas pensaram em maneiras de solucionar o que está posto em frente a elas. Elas aprendem a importância da reflexão para qualquer pergunta que a vida apresenta, e aprendem que refletir junto gera bons resultados.
Não acho que meus alunos perceberam que a maior lição que eles têm no circulo da matemática é esse, o papel da reflexão para a vida, mas acho que a sementinha está plantada, e como educadores do círculo, nosso papel é garantir que ela floresça.
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